A tradicional Romaria de Nossa Senhora Aparecida, que reúne anualmente dezenas de fiéis em caminhada de Ubatuba, Litoral de São Paulo, à Aparecida do Norte (SP), aconteceu entre os dias 23 e 26 de setembro. É pela 6ª vez que os peregrinos da Diocese de Caraguatatuba enfrentam a pé pelo menos 130 km de distância, em quatro dias de muito suor, amor e devoção pela Mãe Rainha.
Ao todo, 75 diocesanos iniciaram a peregrinação na quinta-feira (23) e encerraram o percurso no domingo (26), com a Missa no Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Coube ao Padre Antônio Maria Chagas, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, conduzir os fiéis pelo caminho. No trajeto, o sacerdote celebrou duas Missas. A primeira na sexta-feira (24), em Catuçaba, e a segunda no sábado (25), no Morro do Bonfim, em Lagoinha.
Segundo o sacerdote, a romaria tem foco na espiritualidade dos peregrinos. “É uma caminhada tendo Nossa Senhora como nossa companheira. E além disso, aproveitamos o caminho para ter um encontro com Deus e aprofundamento da fé. Fazemos algumas dinâmicas e ouvimos os testemunhos das pessoas”, conta o Padre Antônio Maria.
A edição do ano passado foi cancelada por causa da pandemia, mas desta vez, todos os protocolos sanitários foram respeitados, como uso de máscaras e de álcool em gel. Durante a romaria, houve a renovação das promessas batismais de alguns peregrinos. O Padre abençoou a água de um rio encontrado no caminho e fez a renovação do batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Em sua terceira peregrinação, o jovem Jean Souza, de 27 anos, disse que viveu momentos inesquecíveis. “Conheci muitos testemunhos de vida durante a caminhada. O que aos olhos de muitos é algo desnecessário, um desgaste físico, para mim é devoção. Nos propomos a fazer isso por um propósito maior, que é de chegar a casa de Nossa Senhora e agradecer pelas graças recebidas pela intercessão dela. Isso são coisas que não tem explicação. Ver com os meus próprios olhos o sacrifício de algumas pessoas por gratidão ou por confiar que Nossa Senhora está ouvindo é muito gratificante”, salientou.
O peregrino também experimentou o amor ao próximo ao longo dessa jornada árdua. “Ninguém ficou para trás. Todos ajudavam um ao outro. Quando um irmão precisava de um curativo o outro estendia a mão. Foi lindo de ver pessoas que reduziam seu ritmo para ajudar o outro. Os momentos de oração foram incríveis. Isso não tem dinheiro no mundo que pague” acrescentou ele.
A distância percorrida de carro até o Santuário é de cerca de duas horas, mas os peregrinos realizaram a peregrinação a pé e precisaram de descanso. Por isso, eles fizeram três paradas nas cidades de Caçatuba, na quinta-feira, Lagoinha, na sexta-feira, e Aparecida, no sábado. “Essa iniciativa nasceu com a vontade de evangelizar os peregrinos, colocando desafios, orações e missas. Meu sonho é que esse evento se torne um dia um movimento”, explica a coordenadora da romaria, Fátima Ragazini.
Devoção a Nossa Senhora Aparecida
Fátima teve câncer no ovário e nos últimos quatro anos faz tratamento contra a doença. Mesmo assim ela não desistiu da romaria. Ela já fez o caminho de Santiago de Compostela. “Foram 30 dias caminhando”, lembra. Também participou do caminhando com Anchieta da Diocese de Caraguatatuba duas vezes. Nos últimos sete meses, a filha dela luta contra um câncer de mama e também participou da peregrinação.
“Eu aprendi que quando você se torna peregrino não existe mais a dificuldade para aprender. Você ama sem obstáculos, você simplesmente ama a vida. É um prazer muito grande estar à frente desse grupo. A romaria torna as pessoas diferentes. Essa mudança é perceptível no caminho. O próprio caminho liberta e quando chegamos em Aparecida é como se Nossa Senhora nos acolhesse de braços abertos”, finaliza.
De acordo com a coordenadora, as orações do terço, os desafios e a partilha vão libertando as pessoas no caminho e deixando elas mais leves. Para ela é uma experiência emocionante. “Amo fazer a peregrinação”.
Confira as fotos: (Jean Souza – Pascom Diocesana)