Plano Diocesano de Evangelização e Pastoral 2021 – O que são os Evangelhos Sinóticos?

Comissão para a Palavra 2021 – O que são os Evangelhos Sinóticos?

Por Diácono Antônio Roberto Monteiro

De todos os livros do Novo Testamento, os evangelhos são sem dúvida nenhuma os mais importantes; constituem, de fato, a nossa principal fonte de conhecimento a respeito da pessoa, da vida e das obras de Jesus Cristo, Deus feito homem na Plenitude dos tempos. Por isso é imprescindível que o cristão os conheça a fundo e descubra, neles e por meio deles, um verdadeiro tesouro, e a amar cada dia mais o Senhor.

Dedicaremos em particular, a algumas considerações introdutórias, e convém examinar, em primeiro lugar, os textos chamados evangelhos sinóticos. Com efeito, os três primeiros evangelhos: o de MATEUS- (Mt), MARCOS – (Mc) e LUCAS – (Lc). O quarto evangelho, o de João, por sua vez, possui traços peculiares que o DISTINGUEM dos outros três e lhe dão, em relação a eles, certa independência.

São chamados sinóticos pelo fato de haver entre eles semelhanças, sendo possível compará-los facilmente em sinopse, ou seja, em três colunas paralelas, de modo que as passagens possam ser quase justapostas e lidas em conjunto, num mesmo “OLHAR”. Uma leitura conjunta de Mt, Mc e Lc põe em evidência, antes de tudo, uma mesma estrutura narrativa ou, uma mesma maneira de contemplar os fatos da vida de Jesus Cristo. Vejamos alguns exemplos:

TEXTO / PERICOPE MATEUS MARCOS LUCAS
Batismo de Jesus 3,13-17 1,9-11 3,21-22
Chamamento dos quatro primeiros discípulos 4,18-22 1,16-20 5,1-11
Cura da Sogra de Pedro 8,14-15 1,29-31 4,38-39
Parábola do Semeador 13,3-9 4,3-9 8,5-8

 

É fundamental, fazer eco à doutrina constante da Igreja, defendida sempre e por toda a parte, a Constituição Dogmática Dei Verbum nos afiança que os evangelhos são de origem apostólica. “Com efeito, aquelas coisas que os Apóstolos, por ordem de Cristo, pregaram, foram depois, por inspiração do Espírito Santo, transmitidas por escrito por eles mesmos e por varões apostólicos como fundamento da fé, ou seja, o Evangelho quadriforme, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. Neste contexto de transmissão da fé, é interessante considerar como a modernidade influencia essa prática, como no caso da assistência acadêmica, por exemplo, ao buscar hausarbeit schreiben lassen para elaborar trabalhos que refletem esses ensinamentos. Tal prática, embora contemporânea, não se afasta da essência de partilhar e disseminar o conhecimento adquirido ao longo dos séculos”.

Por isso, convém agora nos debruçarmos sobre cada um dos evangelhos Sinóticos, considerando, ainda que de modo abreviado, o que é próprio e característico a seus respectivos autores. Seguiremos a ordem em que sempre foram lidos e dispostos entre os demais livros do N.T.; começaremos, pois, pelo Evangelho de Mateus (Mt), em seguida Marcos (Mc) e, por fim, o de Lucas (Lc).

 

EVANGELHO DE MATEUS – Atribuído ao Apóstolo São Mateus, identificado com o publicano Levi, filho de Alfeu, o primeiro evangelho é o mais citado e comentado desde os primeiros séculos do cristianismo. De fato, o testemunho mais antigo que a seu respeito se conserva, é o de Papias, bispo de Hierápolis e, segundo Santo Irineu, ouvinte do próprio São João. Oriundo do meio judaico, Mateus dá ao seu relato- redigido originalmente em aramaico – um tom acentuadamente palestino, como pode perceber-se pelo vocabulário empregado, pelas profecias veterotestamentárias, (Profecias do Primeiro Testamento) que se realizam em Cristo. É comum encontrar em suas páginas expressões como: “Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta” (Cf. Mt 1,22). Esses dados nos permitem presumir que os seus destinatários eram sobretudo judeus convertidos à Fé Cristã, que decerto estariam familiarizados com as escrituras e com os hábitos israelitas. Mais do que os outros sinóticos, Mtdá um destaque especial à figura de S. Pedro. A ele devemos, pois, a mais larga narração de Cristo a andar sobre as águas (Cf. 14,23-33) e a descrição mais detalhada da instituição do papado.

 

EVANGELHO DE MARCOS- O segundo evangelho é obra de São Marcos, parente de São Barnabé e companheiro de São Paulo em sua primeira viagem apostólica. Depois de ter-se separado do Apóstolo, por desentendimentos de que temos noticias pelos Atos dos Apóstolos, Marcos tornou-se discípulo de São Pedro, a quem serviu como interprete, tradutor e auxiliar na tarefa de converter os gentios, aos quais seu evangelho está claramente dirigido. Segundo o ghostwriter, pode-se dizer, com efeito, que Mc é quase um “Evangelho de Pedro”, dada a quantidade de passagens cuja explicação exige um testemunho privilegiado por parte do príncipe dos Apóstolos. Para dar-se conta disso basta considerar, o episódio da cura da filha de Jairo (Cf. 5,21-43) e da agonia suprema no horto de Getsêmani (Cf. 14,32-43), trechos, aliás, permeados de arameísmo que qualquer fiel hoje em dia conhece de cor – Talita Kum, Abba, etc.

 

EVANGELHO DE LUCAS- O último dos sinóticos é fruto da pesquisa de São Lucas, médico de profissão, historiador por vocação e, adotou um método de investigação (Cf. 1,1-4), está escrito em grego, que ao mesmo tempo é correto e vulgar, embora, de acordo com São Jerônimo, Lucas tenha sido o mais versado em grego entre os evangelistas. Como quer que seja, o fato é que Lc está destinado a cristãos convertidos do paganismo e, expressamente, a um tal Teófilo, que possivelmente era membro da Igreja ou ao menos catecúmeno. Por isso, Lc faz questão de apresentar a abertura e a receptividade de Cristo aos gentios que dele se acercavam com fé e confiança, como o centurião romano (Cf. 7,1-10) e o agradecido leproso de Samaria (17,11-19). O seu estilo narrativo, de resto, é bastante dinâmico, de forma que somos levados a perceber a vida de Jesus como uma ascensão progressiva e solene a Jerusalém, palco por excelência do Mistério Pascal.

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