Em dezembro de 2023, um convite inesperado chegou até o padre Eduardo: integrar o grupo de capelães do Santuário de Santa Teresinha, em Lisieux, na França. O reitor do Santuário, ao considerar a presença de um sacerdote brasileiro na equipe, solicitou a ajuda de uma irmã brasileira que já trabalhava no local para encontrar um padre disposto a assumir essa missão. Ao refletir sobre a proposta, Pe. Eduardo percebeu que essa experiência poderia ser enriquecedora, tanto espiritualmente quanto culturalmente.
“A espiritualidade de Santa Teresinha sempre me inspirou, especialmente sua confiança em Deus e seu caminho de simplicidade. Além disso, considerei que essa vivência me ajudaria a aprofundar meus conhecimentos sobre sua mensagem e a compartilhá-la melhor no futuro, particularmente com os fiéis em nossa diocese”, relata.
Compartilhando esse desejo com Dom José Carlos, bispo da Diocese de Caraguatatuba, Pe. Eduardo recebeu seu apoio, mas sabia que a decisão final dependeria do Conselho de Presbíteros da diocese, que também deu seu parecer favorável. Assim, em abril de 2024, ele chegou à França como missionário Fidei Donum, pronto para aprender, crescer e contribuir com sua missão sacerdotal neste lugar de peregrinação e graça.
Embora já tivesse visitado o Santuário como peregrino, jamais imaginou que um dia receberia o convite para ser capelão ali. “No primeiro momento, senti uma alegria imensa e, embora soubesse que enfrentaria desafios — tanto pessoais quanto culturais, linguísticos e religiosos —, aceitei essa missão como uma grande graça em minha vida. Vim com o coração e a mente abertos, sem criar muitas expectativas”, afirma.
Estar em um país onde a vivência da fé se expressa de forma diferente do Brasil trouxe desafios, mas também oportunidades de crescimento. “A riqueza espiritual que emana deste lugar é imensurável e fascinante, superando qualquer dificuldade e tornando cada experiência uma fonte de graça e aprendizado.”
A adaptação exigiu paciência, especialmente no aprendizado da língua francesa. “Apesar de dedicar bastante tempo ao estudo do idioma, percebo que alcançar um domínio pleno leva mais tempo do que eu imaginava. Consigo me comunicar com certa tranquilidade, mas ainda não com a fluência que desejo”, conta. No entanto, a cultura francesa não se apresentou como um obstáculo. “Acolho com serenidade essa nova realidade e me sinto bem integrado entre os franceses.”
Como capelão do Santuário, Pe. Eduardo segue uma escala de missas tanto no próprio Santuário quanto no Carmelo. Sendo um local de peregrinação internacional, há várias celebrações e confissões diárias, além do atendimento a grupos de peregrinos que solicitam o sacramento da reconciliação fora dos horários habituais. Além disso, acompanha grupos brasileiros em visitas guiadas pelos lugares teresianos, como a Casa de Santa Teresinha, o museu e a capela do Carmelo, a Catedral de São Pedro — onde Teresinha participava da missa antes de ingressar no Carmelo — e o próprio Santuário.
Uma de suas responsabilidades é coordenar os voluntários de verão, período em que o Santuário recebe um número maior de peregrinos. “Graças ao empenho de voluntários que se dedicam a diversas tarefas, conseguimos acolher melhor os fiéis e proporcionar uma experiência mais rica e espiritual para todos que visitam este lugar de bênçãos e graças.”
A maior dificuldade tem sido a distância da família e a diferença na dinâmica pastoral. “O Santuário é um espaço de passagem. Aqui, não temos um relacionamento contínuo com os fiéis, pois a grande maioria são peregrinos que permanecem apenas um dia ou poucos dias e depois seguem viagem. Nosso trabalho não se baseia em um acompanhamento pastoral prolongado, mas sim na acolhida daqueles que vêm para conhecer melhor a vida e a espiritualidade de Santa Teresinha.”
Apesar desses desafios, Pe. Eduardo encontra força na certeza de que sua missão não se mede pela permanência das pessoas, mas pelo impacto que um breve encontro pode ter na vida de cada peregrino. “Aprendi que meu chamado aqui é ser um instrumento de acolhida e testemunho, permitindo que cada pessoa que passa por este lugar encontre um reflexo do amor de Deus.”
Agora, completando um ano de missão, ele vê essa experiência como uma grande graça. “Estar neste santuário, imerso em sua espiritualidade e no estudo de seus escritos, tem me ajudado a aprofundar meu vínculo com Santa Teresinha e a compreender melhor sua mensagem. Ela nos ensina a maravilhar-se com as pequenas coisas e a transformar o ordinário em algo extraordinário. Cada dia aqui é uma oportunidade para aprender e buscar essa entrega com mais autenticidade.”
A Diocese de Caraguatatuba segue acompanhando sua missão com orações e reconhecimento pelo serviço prestado, na certeza de que essa vivência continuará a fortalecer seu ministério sacerdotal e a enriquecer a fé daqueles que encontram em sua trajetória uma inspiração.