Pandemia, um ano depois: o que aprendemos?

Desde o início, a pandemia do novo coronavírus foi uma tragédia anunciada. O vírus aliado ao negacionismo e a falta de um total engajamento popular contribuíram para a construção de dois cenários muito nocivos: o recorde diário do número de infectados que deixou o sistema de saúde do país à beira de um colapso e a marca de 400 mil vidas perdidas por causa da doença, que foi batida em abril.

Apesar desse agravamento, já é possível enxergar uma luz no fim do túnel. Entre outros avanços da Medicina, pelo menos cinco vacinas contra a COVID-19 foram criadas no mundo todo. O Instituto Butantan, de São Paulo, já desenvolve inclusive a primeira vacina totalmente brasileira – a Butanvac – que ainda aguarda aprovação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). 

O número de pessoas infectadas pela doença não para de crescer em todos estados. Um pesadelo que parece não ter fim. Por outro lado, o número de recuperados, que é pouco enfatizado pela grande mídia, também cresce. Já são mais de 11, 5 milhões de pessoas que superaram a doença. Outro motivo, que mesmo que seja menor, mas ainda podemos comemorar é o número de vacinados. Já são mais de 25 milhões de brasileiros que receberam ao menos uma dose da vacina neste primeiro trimestre do ano.  

Segundo o Bispo Diocesano, Dom José Carlos Chacorowski, esta pandemia não veio como um castigo, mas como uma irrecusável e inadiável chamada de atenção para o mundo viver valores de solidariedade, fraternidade, justiça e dignidade humana.  “O coronavírus não detém a última palavra, ela reside e está no coração da humanidade aberta e obediente à vontade de Deus”, enfatiza. Por isso o Papa Francisco chama-nos atenção: “Que o mundo não perca a oportunidade de se descobrir como uma família e viver como irmãos”, completa. 

Mesmo que agora tudo esteja em rápida transformação, é importante lembrar que a primeira dose ainda não é um “passaporte para a alegria”. A imunização só se tornará efetiva após a aplicação das duas doses e ainda assim é preciso aguardar mais um pouco. “Por isso, os cuidados de prevenção ainda precisam continuar. Então, mesmo vacinado é importante usar máscara e manter o distanciamento social”, explica o médico Marcelo Gatti, um dos profissionais que está na linha de frente do combate à doença. 

De acordo com o especialista, além dos avanços da medicina, houve também um aprimoramento do espírito humano nesse primeiro ano de enfrentamento. “Quando foi que os homens de todas as nações se sentiram tão unidos, tão iguais, como neste momento de dor?”, questiona o médico que também já foi infectado e superou a doença. 

Para Gatti, um ponto positivo da presente crise da Saúde é o sentimento de solidariedade. “A pandemia da COVID-19 é sem dúvida alguma causadora de muitas perdas, choros, tristezas, vidas que se foram. No entanto, em meio a esta catástrofe podemos observar fagulhas de esperança e luz”, completa o especialista. 

Depois de um ano, o Brasil vive o pior momento da pandemia. Isso é fato. Mas o que aprendemos ao longo dos últimos 12 meses? “A pandemia logo nos fez mostrar a necessidade de destruir os muros, o vírus não conhece fronteiras, em um segundo abate todas as barreiras e as distinções de raça, religião, censo de poder. Não devemos voltar atrás quando este momento tiver passado, não deixemos que tanta dor, tantas mortes, tanto esforço heróico por parte dos profissionais da Saúde tenha sido em vão”, pede Gatti. 

Momentos importantes serão marcados nas histórias de pacientes e de profissionais da Saúde. Gatti perdeu colegas de trabalho, foi infectado pelo coronavírus, mas não perdeu as esperanças. “Foram verdadeiros heróis”, homenageia. 

Pandemia no mundo – Como tudo começou? 

No dia 11 de março de 2020, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Thedros Adhanon, declarava oficialmente a pandemia do novo coronavírus. Naquele dia, eram 118 mil casos ao redor do mundo e 4.291 mortes. Hoje, um ano depois, são 132 milhões de casos. Quase 3 milhões de pessoas morreram vítimas da COVID-19.

 Iniciada na China, aos poucos foi se espalhando pelo mundo. A Europa foi o primeiro foco de preocupação nos primeiros meses, com casos explodindo em três países: Itália, Espanha e o Reino Unido. O pesadelo chegaria então aos Estados Unidos, até agora o campeão de casos e mortes.

Após um ano, no entanto, o Brasil é o maior foco de preocupação. O país vive um agravamento da pandemia. Na primeira semana de abril, inclusive, nós batemos um triste recorde: o número de quatro mil mortes registradas em 24 horas. 

O que é o coronavírus? De acordo com o Ministério da Saúde, a Covid-19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global.

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