Padre Douglas Responde: A importância da Palavra de Deus na Liturgia

Por Padre Douglas Franco 

Setembro… mês da Bíblia! A Igreja é chamada a uma estreita relação com a palavra de Deus, que deve ser alimento cotidiano de toda a comunidade cristã.

Deus nos criou por amor, ele nos ama e quer ser amado por nós. Criou-nos para vivermos uma bonita relação de amor filial com ele, e uma bonita relação de amor fraterno com todas as pessoas. Porém, ninguém é capaz de amar o que não conhece e, por isso, Deus quis se revelar à humanidade. Nas Sagradas Escrituras encontramos a história dessa revelação e como se deu a relação de Deus com o seu povo escolhido, e desse povo com o próprio Deus.  Nas Sagradas Escrituras está cristalizada a experiência que o povo de Israel fez com Deus. E nós somos chamados a mergulhar na Palavra para vivermos, também nós, uma verdadeira experiência de Deus em nossas vidas, e assim vamos compreendendo a nossa relação com Deus.

A Palavra de Deus e a Liturgia são realidades inseparáveis e sempre atuais. A liturgia é o lugar privilegiado da Palavra de Deus e é a partir da Palavra que as ações litúrgicas ganham seu sentido.  A Igreja, a partir do Concílio Vaticano II, nos propõe uma redescoberta da Palavra de Deus, e na Constituição Dogmática Dei Verbum, nos convida a perceber que Deus se revela nas Sagradas Escrituras. E mais, nos convida a compreender que em Cristo está a plenitude da Revelação de Deus. Na Constituição Dogmática Sacrossanctum Concillium, documento conciliar sobre a Liturgia, a Igreja nos recorda que a Liturgia é a celebração do Mistério de Cristo, e que por ela este mistério se perpetua ao longo dos séculos.  Nos recorda ainda que cada ação litúrgica está impregnada da Sagrada Escritura e que nelas a liturgia busca inspiração, de modo que a liturgia é, por excelência, o lugar da Proclamação da Palavra de Deus e esta Palavra é quem dá pleno sentido à ação litúrgica. Por isso o concílio definiu que nas celebrações litúrgica deveriam se restaurar a leitura da Sagrada Escritura de modo mais abundante. E assim temos, em todas as celebrações litúrgicas da Igreja, uma Liturgia da Palavra.

De modo especial nas celebrações Eucarísticas, a liturgia da Palavra é sempre bastante densa, onde a Igreja é chamada a louvar a Deus a partir dos Salmos e meditar textos do Antigo e do Novo Testamento, sempre conexos entre si. A Liturgia da Palavra das missas está organizada ao longo de todo o ano litúrgico nos Lecionários Dominical, Ferial e Santoral, de modo que, ao longo de três anos, a comunidade tenha contato com os principais textos bíblicos.

Quando, na Liturgia, se lê as Sagradas Escrituras, é o próprio Cristo que fala. Compreendendo isso, entendemos porque a Igreja sempre venerou as Sagradas Escrituras, assim como venera o Corpo do Senhor, e por isso, coloca em pé de igualdade a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia, onde o próprio Cristo alimenta a fé de seus discípulos. Cristo está presente na Palavra proclamada e, pela força do Espírito Santo, torna-a viva e eficaz, capaz de transformar os corações de todos aqueles que a acolherem com fé e buscarem pratica-la. E é assim que a Palavra, proclamada na liturgia, atualiza o agir de Deus e renova a vida da comunidade.

Como nos ensina são João, nas primeiras páginas de seu Evangelho, Jesus Cristo é a própria Palavra de Deus, que se fez carne e habitou entre nós. Acolher a Palavra de Deus significa acolher o próprio Cristo, e nele o mistério da nossa salvação. Em cada Liturgia, Deus vem ao nosso encontro, na pessoa de seu Filho Jesus Cristo, o seu verbo eterno, para nos salvar. Abramo-nos, pois, à salvação de Deus através de nossa participação na celebração da Igreja onde o próprio Cristo, assim como aos discípulos de Emaús, nos releva as Escrituras e reparte o Pão para nós.

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