O Tríduo Pascal e a Páscoa do Senhor!

É Páscoa! Tempo de proclamar não só a ressurreição de Jesus, mas também a salvação que seu sacrifício redentor trouxe a toda a humanidade! Celebramos o Tríduo Pascal, que constitui o núcleo central de toda a vida de Jesus e de tudo que fez pela salvação do mundo. É também o centro da vida e da liturgia cristã. Celebrar a Páscoa significa celebrar a vitória da vida sobre a morte, da luz sobre as trevas, do bem sobre o mal, e também do pecador sobre o pecado!  Que as belas celebrações que vivemos nestes dias nos ajudem de fato a experimentarmos a vitória de Cristo sobre a morte e o pecado em nossas vidas!

Conhecer o significado das celebrações de cada dia do Tríduo Pascal é fundamental para colhermos sempre mais os frutos do mistério que celebramos. O amor de Deus se manifesta concretamente em Jesus Cristo e em tudo que aconteceu naqueles dias, pois ele amou a humanidade. Todas as vezes que celebramos a Eucaristia, nós fazemos memória do Senhor, que fez de sua vida uma contínua doação aos seres humanos, e entregou inclusive seu corpo e seu sangue. É a memória de uma pessoa que marcou a todos no sentido de redenção e de amor.

Por isso, celebrar, no tríduo pascal, a memória de tudo o que aconteceu com Jesus, possibilita uma conversão de vida em todos os seus seguidores e seguidoras. Cristo Jesus nos amou até o fim e ressuscitou dos mortos. É isso que celebramos a cada Eucaristia.  Ele também anunciou por diversas vezes que deveria passar pela paixão, pela calúnia, pela condenação, pela morte, mas que no terceiro dia ressuscitaria dos mortos (Lc 9,22). É preciso redescobrir sempre mais a espiritualidade contida nas celebrações para que o mistério fortaleça a vida da Igreja e de todos os seguidores do Senhor Jesus Cristo.

Quinta-feira Santa

É o primeiro dia do Tríduo Pascal. Pela manhã, nas catedrais de todo o mundo, os Bispos, reunidos com todos os Presbíteros e Diáconos, e o Povo de Deus, celebram a Missa do Crisma, onde é consagrado o óleo do Crisma, e são abençoados o óleo dos enfermos e o óleo dos catecúmenos. Dentro desta celebração também acontece a renovação das promessas sacerdotais, pois neste dia, se recorda a instituições da Eucaristia e do Sacerdócio Ministerial pelo próprio Cristo, antes de sua morte.

À noite tem lugar a Missa da Ceia do Senhor e do Lava-pés. Estão bem presentes as memórias da Páscoa judaica, do cordeiro imolado na noite da passagem do anjo da morte e dos pães ázimos (sem fermento). A instituição da eucaristia é relatada na Carta de São Paulo aos Coríntios: Jesus tomou o pão e, depois de dar graças disse: ‘tomai e comei, isto é o meu corpo que será entregue por vós’; tendo na mão o cálice com vinho disse: ‘tomai e bebei, este cálice é a nova aliança em meu sangue, fazei isto em memória de mim’ (1Cor 11, 23-26).  O evangelho proposto para esta celebração evidencia a atitude de Jesus que, mesmo sendo mestre e Senhor, ao lavar os pés dos discípulos, ensina a todos a importância de se colocar sempre disposto a ajudar e servir. A liturgia nos convida a vivencia novamente o gesto do lava-pés para que todas as pessoas entendam sua missão de servir a Deus e aos irmãos.

Jesus Cristo é o servo de Deus por excelência. Aquele que, com prazer, faz a vontade do Pai e realiza concretamente o seu plano de salvação. É o verdadeiro cordeiro imolado pela salvação de todos, do qual o cordeiro do êxodo era apenas sinal e prefiguração. Esta celebração nos ajuda a compreender as escrituras e o próprio sacramento da Eucaristia como memorial da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Convida-nos a continuarmos, com fidelidade, realizando este gesto para anunciar a morte do Senhor, proclamar sua ressurreição, até que ele venha em sua glória.

Sexta-feira Santa

É o dia da cruz redentora. As atenções são voltadas à paixão e morte do Senhor pela salvação da humanidade. O seu sofrimento é um sofrimento redentor, para redimir o ser humano do pecado e da morte. É um dia sem os sacramentos. Deste modo no dia em que as atenções estão voltadas para o sacrifício de Cristo na cruz, a Liturgia não celebra a Eucaristia, o que acontece é a Celebração da Paixão e Morte do Senhor. É um dia de silêncio, de recolhimento, de jejum, de abstinência de carne.

A liturgia desta celebração nos propõe três partes importantes: a Liturgia da Palavra, onde os textos bíblicos nos convidam a compreender, desde o antigo testamento, o que significou a morte de Cristo na Cruz; a Adoração da Cruz, onde cada fiel tem a oportunidade de se colocar diante do mistério do Cristo Crucificado; e a Santa Comunhão, momento em que todos são convidados a comungar do pão consagrado na noite anterior, para viver a perfeita comunhão com Aquele que entregou sua vida por toda a humanidade na cruz, e continua a entregar-se a sí mesmo, como alimento, em cada Eucaristia.

Sábado Santo

É o terceiro dia do Tríduo Pascal. Jesus desceu à mansão dos mortos e triunfou sobre a morte. É o dia da vigília pascal, na espera da ressurreição do Senhor Jesus Cristo. A Tradição cristã associou a noite da Ressurreição à noite da Páscoa descrita em Êxodo 12,42: uma noite de vigília em honra do Senhor. Celebramos o Cristo, morto e ressuscitado.

A liturgia é bem longa. Os sinais falam por si só, com significados profundos, que querem conduzir toda a assembleia celebrante à experiência da Páscoa do Senhor: sua passagem da morte para a vida.

A Vigília Pascoal é composta de 4 partes: a Liturgia da Luz, que recorda, a partir do fogo, a força da vida nova: o Círio Aceso é sinal da presença de Cristo crucificado e ressuscitado, vivo e presente no meio da comunidade; a Liturgia da Palavra de Deus, que é bastante extensa, prevê 7 leituras do Antigo Testamento,  7 salmos responsoriais que correspondem a cada leitura, uma leitura do novo testamento e o Evangelho; é possível até suprimir algumas das leituras do Antigo Testamento, mas são obrigatórias as duas leituras do Livro do Gênesis: a primeira que narra a criação do mundo e a segunda que narra o sacrifício de Isaac, e a leitura do Livro do Êxodo, que narra a passagem do mar vermelho e a libertação do povo de Deus, pois o objetivo da Liturgia da Palavra é conduzir toda a assembleia celebrante a perceber como Deus salvou outrora o seu povo e nestes últimos tempos enviou seu filho como redentor para realizar, em plenitude, a salvação da humanidade; a Liturgia Batismal, que nos ajuda a perceber a intima ligação que existe entre o sacramento do Batismo e o Mistério Pascal, como nos ensina são Paulo no texto proposto como leitura do novo testamento, da Carta aos Romanos: “Irmãos, será que ignorais que todos nós, batizados em Jesus Cristo, é na sua morte que fomos batizados? Pelo batismo na sua morte fomos sepultados com Ele, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também nós levemos uma vida nova” (Rm 6, 3-4). E assim compreendemos que o nosso batismo constitui um grande mergulho no Mistério Pascal; e a Liturgia Eucarística, onde podemos experimentar a presença real de Jesus Cristo, vivo e ressuscitado na Eucaristia, que continuará com sua Igreja todos os dias, até o fim do mundo.

Domingo da Páscoa

No Domingo, comemoramos a Páscoa do Senhor Jesus Cristo. É o dia da salvação, o dia que o Senhor fez para nós! Dia de alegria e exultação, que se estende até o 2º Domingo da Páscoa, como se fosse um único e grande dia de festa e júbilo. É o Dia do Senhor, que se estende por todos os domingos do ano, quando celebramos a nossa Páscoa semanal. O Senhor ressuscitado nos ilumina, coloca em nossos corações uma imensa alegria, renova nossa esperança, e nos enche com seu amor, para que também nós sejamos capazes de amar como Ele amou. E assim nós celebramos a Eucaristia, que neste Domingo de Páscoa, tem como mensagem central: Cristo ressuscitou dos mortos, Ele é o eterno vivente!

É uma celebração intimamente ligada àquela da noite anterior. A Liturgia da Palavra nos apresenta o sepulcro vazio e o convite aos discípulos de Jesus para entenderem a escrituras, segundo a qual Ele deveria ressuscitar dos mortos.

A vivência do Tríduo Pascal e da festa da Páscoa é uma oportunidade única para o nosso crescimento espiritual e comunitário.  Depois de 2 anos difíceis, tivemos novamente a alegria de poder celebrar juntos esses dias de festa e de alegria. Que o Senhor nos conceda a graça de crescermos cada vez mais na comunhão com Ele e com os irmãos, e a coragem de sermos também nós, a partir de tudo o que celebramos, testemunhas da ressurreição.

 

Por Padre Douglas Franco

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