Deus nos chama, nos prepara e nos envia

Por Padre Douglas Franco

Esta é a dinâmica que a Igreja nos propõe ao nos convidar a viver o mês de agosto como mês vocacional, o mês de setembro como o mês da bíblia e o mês de outubro como mês missionário.

Estamos vivendo na liturgia da Igreja o Tempo Comum, que é o tempo do discipulado. A Igreja nos convida a refletir sobre a nossa vocação. E, por isso, nos propõe o mês de agosto como mês vocacional, pois neste mês celebramos o dia do padre, no dia do São João Maria Vianey, padroeiro dos sacerdotes.

Somos convidados a perceber que Deus nos criou dotados de dons, habilidade e aptidões, tudo isso em vista de um projeto de felicidade para cada um de seus filhos amados. Somos convidados a entender que, se uma pessoa desconhece esse projeto, jamais poderá encontrar a felicidade verdadeira e completa que todo ser humano procura. Já nos dizia santo Agostinho em suas Confissões: “criaste-nos para Ti, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti.”

Esta inquietude permanece enquanto não descobrimos: qual a vontade de Deus para a minha vida? Qual o sonho de Deus para mim? Mais do que realizar coisas, o que Deus me chamou a ser? Sim, a palavra vocação vem do Latim VOCARE, verbo que significa chamar, então a vocação consiste num CHAMADO de Deus a cada pessoa, e exige que sejamos capazes de dar a Ele uma RESPOSTA. Assim como o chamado nasce do amor de Deus por cada filho, também a resposta só poderá nascer de um coração desejoso de, por amor, fazer sempre a vontade de Deus. É uma resposta de amor. E é isto que difere, por exemplo, uma vocação de uma profissão simplesmente. A vocação deve ser vivida como missão. A primeira vocação que recebemos é o chamado para a vida, a segunda é o chamado à santidade que todo cristão recebe da parte de Deus. E depois existem as vocações específicas de cada um.

O primeiro domingo do mês de agosto é sempre ocasião de refletirmos sobre a vocação ao ministério ordenado. Porém, às vezes, quando falamos de vocação, ficamos reduzidos a pensar na vocação sacerdotal ou religiosa. Mas o leque se abre infinitamente diante de nós: há pessoas que receberam o chamado para ajudar os outros através da medicina, da engenharia, da psicologia, e de tantas outras áreas, colaborando assim para o crescimento da comunidade humana, para a felicidade dos irmãos e para o bem comum. Cada um desses profissionais pode viver tudo isso como vocação, se entender tudo como missão dada pelo próprio Deus.

Mas há na vida da Igreja as vocações cristãs: a vocação sacerdotal, a vocação diaconal, a vocação religiosa, a vocação a constituir uma família, a vocação a assumir um trabalho específico na vida da comunidade como o ministério dos catequistas, por exemplo.  Por isso, a Igreja nos convida, nos outros domingos do mês de agosto, a lembrar das demais vocações: a vocação à família no segundo domingo, a vocação à vida religiosa no terceiro domingo e  a vocação dos leigos e das leigas e, em especial, a dos catequistas no quarto domingo, pois é necessário que cada cristão, batizado descubra a sua vocação, o seu chamado. Nossa felicidade depende desta descoberta, pois só assim encontraremos o nosso verdadeiro lugar na comunidade cristã e assumiremos a nossa missão.

Depois que descobrimos nossa vocação, também descobrimos que somos muito limitados para vivê-la e exercê-la e por isso precisamos contar sempre com a graça de Deus que, assim como disse a Jeremias “Eu colocarei palavras tão acertadas em sua boca”, também nos garante que, se Ele está nos chamando, Ele mesmo vai nos capacitar, nos preparar. E Ele nos prepara, sobretudo, a partir de uma experiência pessoal com Ele, através da escuta de sua Palavra. Por isso, o mês de setembro é o mês da Bíblia, a Igreja nos convida a perceber que Deus nos prepara a partir da nossa predisposição de ouvir sua palavra. Distante da Palavra de Deus, jamais conseguiremos responder ao seu chamado. É a palavra que vai nos mostrando a vontade de Deus e nos apontando o caminho a seguir. É a palavra que vai nos transformando aos poucos para conseguirmos superar nossas limitações. É pela palavra que somos chamados a anunciar com nossa vida, no exercício pleno de nossa vocação.

E é assim que assumimos realmente a missão que Deus nos confia. Por isso, o Mês de outubro é chamado o mês missionário, mês em que lembramos grandes missionários, como Francisco Xavier e Francisco de Assis, mas também santa Teresinha, que, mesmo sem nunca ter saído do convento, teve sempre um coração missionário, capaz de pensar em todos e rezar por todos. A Igreja nos convida a lembrar que todos temos uma missão, e que todos somos missionários, discípulos-missionários, como nos lembra o Documento de Aparecida e o Papa Francisco.

Assumir a vocação será sempre entender que há uma missão a ser cumprida. Deixar-se transformar por Deus, significa preparar-se para exercê-las. Seremos felizes se entendermos tudo isso e buscarmos realizar em nossas vidas este grande projeto de amor que Deus sonhou para cada um de nós. E você, qual a sua vocação?

Fotos: Douglas (Pascom)

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