Homenagem: Irmã Maria Geralda completa 62 anos de vida Religiosa

A irmã Maria Geralda Resende, de 82 anos, atua no resgate da dignidade da vida humana no Porto de São Sebastião. Conhecida como irmã Geralda, a religiosa é a homenageada da edição digital de agosto da Revista De Praia em Praia pela missão que realiza atualmente na Diocese de Caraguatatuba.

No ano passado, a irmã completou mais de 60 anos de vida religiosa. Para celebrar suas bodas de diamante, a Paróquia São Sebastião realizou uma linda homenagem para ela bem no dia dos religiosos. Familiares e amigos dela da Congregação Irmãs do Bom Pastor participaram do momento.

“Meu coração está cheio de alegria e gratidão. São 60 anos passados na casa do Senhor, que me chamou, me deu o seu nome ‘Irmã Maria do Coração de Jesus’, que é uma faculdade, um programa de vida”, disse ela em seu discurso de agradecimento.

Natural de Resende Costa, em Minas Gerais, foi aos seis anos de idade que a irmã Geralda sentiu no coração o desejo de se consagrar. A mineira então aceitou seu chamado aos 18 anos e fez seu noviciado no Rio de Janeiro. Filha mais velha do casal Alcindo e Vera, ela tem cinco irmãs e dois irmãos.

A irmã Maria Geralda completou 62 anos de vida religiosa, mas começou seu trabalho na Zona de Prostituição de São Sebastião apenas em 1979. Ela também já atuou na Penitenciaria do Carandiru e exerceu sua vocação em outros estados como Minas Gerais e no Rio de Janeiro. “A zona é minha vida, meu mar, onde fico nadando e sinto que é minha casa”, declara a irmã Geralda.

Confira o depoimento da religiosa:

“Muitos me ajudaram nessa caminhada. Meus irmãos, minha família, muitas irmãs pelas comunidades por onde eu passei, no Rio de Janeiro, Juiz de Fora, Ipiranga, São Paulo, Ilha do Governador, Penitenciaria do Carandiru, Penitenciaria Feminina de Tremembé, Zona de Prostituição de Campinas, São Sebastião, Prelazia de São Felix do Araguaia, Alto da Poeira em Goiânia e novamente em São Sebastião, onde os pobres foram e são meus amigos e meus mestres”, acrescentou.

“Sai da tua terra, da casa de teus pais e vem para o lugar que eu ei de te mostrar” (Gn 12,1). “Eu tinha 18 anos quando ouvi isso e ouvi, Senhor. Confiei no seu chamado, e vim com muita alegria servir os passos do Bom Pastor. Hoje minha vida é a própria felicidade. Tu és um Deus fiel. Após 60 anos do meu voto de obediência, eu te encontro a cada passo, cumprindo a tua vontade. No meu voto de pobreza és o meu tesouro. No meu voto de castidade, estou ligada a Ti pelo mais belo amor por toda a eternidade”.

Como nasce a “Família do Bom Pastor”, projeto de apoio aos mais pobres

Por Irmã Maria Geralda Resende

Em 1979, cheguei em São Sebastião com uma imagem de N. Senhora e uma bíblia para um trabalho com as mulheres da zona de prostituição com os Bispos de Taubaté, Dom Antonio José Couto, hoje servo de Deus, e de Santos, Dom David  Picão, pois a nova Diocese seria criada do desmembramento destas duas dioceses.

Viemos para o Litoral Norte para um trabalho com as mulheres marginalizadas da zona de prostituição do Cais do Porto. Depois de vários percalços de ganhos e perdas estamos realizando o sonho de Dom Fragoso, que foi Bispo de Cratéus: formar  Comunidade com as pessoas mais vulneráveis, invisíveis, que a sociedade usa, rejeita descarta e despreza.

Hoje, com o apoio da comunidade, de voluntários, do nosso Bispo, do nosso Pároco, Padre Alessandro Henrique Coelho, alugamos um prédio de uma antiga Boate na Rua Amazonas, 44,  onde atendemos as mulheres em situação de prostituição, os moradores de rua, malabaristas latino-americanos, migrantes, egressos e outros mais.

Formamos com eles a Família do Bom Pastor. Ganhamos o respeito e a confiança de todos e o maior presente que recebi foi o que uma moradora de rua brava comigo disse aos berros pela rua: “Sei muito bem quem a senhora é. A senhora é  uma mulher de Cabaré”. Foi a confirmação de que de fato faço parte e estou integrada a esta Comunidade Santa Maria Eufrásia , minha fundadora por ocasião do 150º aniversário do seu nascimento.

Hoje ninguém mais fala que vai na zona, mas que vai na Santa Eufrásia que é o ponto de referência dos que mais precisam. Marcamos presença no Grupo Esperança Viva (GEV) que acolhe e envia dependentes químicos para a Fazenda Esperança, que graças à atuação de Frei Hans. Apoiamos também as indígenas Guarani quando necessitam de um espaço para descanso enquanto aguardam o carro da FUNAI. Recebemos muitas doações e temos um Grupo de Voluntários  quem nos ajudam e sem eles tudo seria mais difícil.

Somos uma pobre Comunidade constituída de Irmãs, voluntárias, de pessoas quase invisíveis, trabalhando no local mais desprezível da cidade com a certeza de que Jesus está presente entre nós pela alegria que nos inunda e irradia quando ali estamos.

Agradeço a Diocese e a Paróquia de São Sebastião, aos voluntários pelo compromisso ao oprimido e a Deus que nos dá a oportunidade de servi-lo desta maneira, pois os pobres são  nossos Mestres que muito nos ensinam.

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