Na manhã da última quinta-feira, 1º de maio, Dom José Carlos Chacorowski, bispo da Diocese de Caraguatatuba, participou da solene celebração eucarística que marcou o encerramento das comemorações pelos 400 anos da fundação da Congregação da Missão, instituída por São Vicente de Paulo em 1625. A celebração ocorreu na Igreja de Santo Eustáquio, em Paris, diante de numerosos fiéis e membros da Família Vicentina da França.

A Santa Missa foi presidida pelo bispo auxiliar de Paris, Dom Emmanuel Tois, e concelebrada por mais de 20 arcebispos e bispos, além de 150 missionários vicentinos de diferentes países, entre eles o superior-geral da Congregação, Pe. Tomaž Mavrič, CM. Em sua homilia e ao final da celebração, Pe. Tomaž destacou o sentido espiritual do jubileu:

“Foi um tempo de graça. Este aniversário não é apenas uma lembrança, é um impulso. Ele nos lembra de quem somos e para onde queremos ir.”

Quatro dias de preparação espiritual

A celebração de encerramento foi precedida por um intenso itinerário espiritual e formativo ao longo de quatro dias. O primeiro deles foi dedicado à formação específica para os bispos vicentinos, encerrado com a celebração das Vésperas na Catedral de Notre Dame. No segundo dia, uma missa foi celebrada na Capela da Rue du Bac — local das aparições da Virgem Maria a Santa Catarina Labouré — e foi seguida pela transladação solene do relicário com o coração de São Vicente de Paulo até a Maison Mère, a Casa Mãe dos Missionários Vicentinos, situada na Rue de Sèvres, em Paris.

O terceiro dia levou os missionários a Gannes-Folleville, onde Vicente de Paulo realizou sua primeira pregação missionária. Ali, celebraram a Eucaristia e o Rito da Penitência no mesmo local onde o santo incentivou a confissão geral entre os pobres do campo. O último dia foi dedicado à reflexão sobre a renovação do carisma vicentino e sua relevância diante dos desafios do mundo atual.

Homenagem ao Papa Francisco

Um dos momentos mais emocionantes da celebração foi a lembrança do Papa Francisco, falecido no último dia 21 de abril. Ainda em dezembro de 2024, o Santo Padre havia enviado uma mensagem ao superior-geral da Congregação, na qual expressava sua proximidade à Família Vicentina e seu desejo de que o 4º centenário fosse uma ocasião para revitalizar o compromisso com os pobres.

“Rezo para que este aniversário significativo seja uma ocasião de grande alegria e de renovada fidelidade ao conceito de discipulado missionário, fundado na imitação do amor preferencial de Cristo pelos pobres”, escreveu o Papa.

Pe. Tomaž, que também é argentino como o Papa Francisco, destacou durante a celebração que o legado do Santo Padre permanece vivo entre os missionários vicentinos:

“Sua vida e ministério têm sido uma fonte constante de inspiração, especialmente para aqueles de nós que seguimos os passos de São Vicente de Paulo. O Papa Francisco nos lembrou claramente que os pobres devem estar sempre no centro da vida cristã”.

Quatro séculos de missão e caridade

Fundada em 1625, a Congregação da Missão nasceu da inspiração de São Vicente de Paulo para evangelizar os pobres e formar sacerdotes comprometidos com a justiça e a caridade. A partir dessa obra, surgiram também as Damas da Caridade (hoje Associação Internacional de Caridade – AIC), e, em 1633, as Filhas da Caridade, cofundadas com Santa Luísa de Marillac — a mesma congregação de Santa Catarina Labouré, que recebeu de Nossa Senhora a revelação da Medalha Milagrosa.

Atualmente presente em mais de 100 países e com cerca de 3 mil membros, a Congregação da Missão segue atuando em iniciativas como a campanha “13 Casas”, parte da Aliança Famvin com os sem-teto, reafirmando o compromisso de levar dignidade aos mais pobres.

As celebrações jubilares foram transmitidas ao vivo e acompanhadas por milhares de fiéis ao redor do mundo, unidos pela mesma espiritualidade vicentina que há quatro séculos transforma vidas por meio do Evangelho.