Campanha da Fraternidade Ecumênica

A Campanha da Fraternidade é uma das maiores iniciativas da Igreja no Brasil e está sempre voltada para problemas concretos que são consequências do pecado ao mesmo tempo em que se constituem numa afronta ao Deus da vida. Os problemas concretos exigem de um modo especial a conversão, no sentido de superar o pecado, sua causa principal, e promover a transformação pessoal, eclesial e social.

Mais do que nunca percebemos a necessidade da reflexão teológica para fundamentar a ação evangelizadora. Nesta perspectiva, merece uma especial atenção um dos maiores esforços evangelizadores da Igreja no Brasil que é a Campanha da Fraternidade, uma campanha nacional que existe desde 1964 e que precisa ser mais estudada, também sobre esta ótica.

A ação evangelizadora e pastoral tem um fundamento teológico que precisa ser explicitado, uma vez que está alicerçada sobre ele. No caso da Campanha da Fraternidade, o não conhecimento dos seus fundamentos teológicos tem causado graves problemas como a desvinculação entre o tema e a motivação, a abordagem dos problemas unicamente a partir de causas imanentes, sociais ou naturais, a não vinculação entre a mesma e o tempo quaresmal, que acaba por produzir respostas momentâneas da sociedade, mas não frutos que permaneçam, porque não houve de fato conversão e, principalmente, a falta de uma unidade eclesiológica que garanta e sustente a unidade do seu agir, assim como o envolvimento de todos neste empreendimento, desde a sua concepção a cada edição até a garantida da sua continuidade.

Somos chamados a ser Igreja e este chamado nos destina às realidades eternas, o que nos mostra que uma das principais características desta pertença à Igreja é a consumação no final dos tempos. “A Igreja, à qual somos todos chamados em Jesus Cristo e na qual, pela graça de Deus, adquirimos a santidade, só será consumada na glória celeste, quando chegar o tempo da restauração de todas as coisas (At 3, 21), e quando com o gênero humano, também o mundo inteiro, que está intimamente unido ao homem e por ele atinge o seu fim, será totalmente reconciliado em Cristo (cf. Ef 1, 10; Cl 1, 20; 2Pd 3, 10-13). Também a Gaudium et Spes fala do mistério da Igreja tanto na sua origem quanto no plano escatológico quando afirma que a “Igreja, que tem a sua origem no amor do eterno Pai, fundada, no tempo, por Cristo Redentor, e reunida no Espírito Santo, tem um fim salvador e escatológico, o qual só se poderá atingir plenamente no outro mundo”.

A Igreja é o Corpo Místico de Cristo, corpo no qual a vida de Cristo comunica-se a todos os membros principalmente através dos sacramentos. Cristo é a Cabeça deste corpo e todos os membros devem conformar-se a ele para que possam viver unidos a ele. O documento Unitatis Redintegratio, sobre o ecumenismo, busca no Corpo Místico de Cristo a fundamentação para mostrar a necessidade da busca da unidade entre as religiões cristãs. Assim tem início este documento: “Promover a restauração da unidade entre todos os cristãos é um dos principais propósitos do sagrado Concílio Ecumênico Vaticano II. Pois Cristo Senhor fundou uma só e única Igreja. Todavia são numerosas as comunhões cristãs que se apresentam aos homens como legítima herança de Jesus Cristo. Todos, na verdade, se professam discípulos do Senhor, mas têm pareceres diversos e caminham por rumos diferentes, como se o próprio Cristo estivesse dividido. Esta divisão, porém, contradiz abertamente a vontade de Cristo, e é escândalo para o mundo, como também prejudica a santíssima causa da pregação do Evangelho a toda a criatura”.

Pe. José Adlberto Vanzella

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