No mês de agosto a Igreja do Brasil nos convida a refletirmos e rezarmos pelas vocações, assim em cada domingo do mês traz uma vocação especifica para refletirmos, no terceiro domingo celebra-se o dia da vocação consagrada. No documento Exortação apostólica pós-sinodal Vita Consecrata do santo padre João Paulo II, no seu número 1, diz:
“A vida consagrada, profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de Cristo Senhor, é um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito. Através da profissão dos conselhos evangélicos, os traços característicos de Jesus — virgem, pobre e obediente — adquirem uma típica e permanente « visibilidade » no meio do mundo, e o olhar dos fiéis é atraído para aquele mistério do Reino de Deus que já atua na história, mas aguarda a sua plena realização nos céus”.
Os religiosos e religiosas desejam ser no mundo um sinal da vida que teremos quando esta terminar, como diz Jesus seremos como os anjos, nem eles se casarão e nem elas se darão em casamento (Mt. 22, 29-31), desejam nesta vida viver como irmãos e irmãs, amando-se, cuidando uns dos outros e fazendo o reino de Deus acontecer.
“Ao longo dos séculos, nunca faltaram homens e mulheres que, dóceis ao chamamento do Pai e à moção do Espírito, escolheram este caminho de especial seguimento de Cristo, para se dedicarem a Ele de coração « indiviso » (cf. 1 Cor 7,34). Também eles deixaram tudo, como os Apóstolos, para estar com Cristo e colocar-se, como Ele, ao serviço de Deus e dos irmãos. Contribuíram assim para manifestar o mistério e a missão da Igreja, graças aos múltiplos carismas de vida espiritual e apostólica que o Espírito Santo lhes distribuía, e deste modo concorreram também para renovar a sociedade”. (Exortação apostólica pós-sinodal Vita Consecrata do santo padre João Paulo II, número 1). Nos dias de hoje a vida consagrada como um todo vive momentos difíceis, pois cada dia menos pessoas desejam assumir este caminho de seguimento a Cristo, amando-o de todo coração, Deus continua chamando, mas talvez estejamos nos tornando pessoas muito centradas em nós mesmas e encontramos dificuldades de abrir mão de nossas vontades para deixar que a vontade de Deus se faça em nós.
Peçamos à virgem Maria, ela que não mediu esforços para dizer SIM à Deus, que ela interceda pelos jovens e lhes dê um coração corajoso e capaz de amar a Deus e os irmãos mais do que a si mesmos.
Jovens, viver para Deus vale a pena, tenham coragem de se entregar a Ele, pois Ele não mediu esforços para se entregar a nós.
Testemunho da Irmã Rosimar
“Seduziste-me Senhor, e eu me deixei seduzir”. (Jr 20,7)
Com esta passagem de Jeremias desejo iniciar minha partilha vocacional: o Senhor me seduziu e eu me deixei seduzir e Ele levou- me por caminhos nunca por mim imaginados.
Eu sou irmã Rosimar Rodrigues Martins, meus pais Francisco e Ana, sou a primeira de três filhos, meus irmãos Rogerio e Francisco- falecidos. Nasci em Caratinga- Minas Gerais, filha de pais católicos que me levaram para ser batizada com apenas três (3) meses de nascida, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário- Caratinga. Tenho pais maravilhosos que me educaram para a liberdade, me ensinaram a respeitar as pessoas e querer o bem dos outros. Sempre gostei de participar da Igreja, ir as missas e participar e ajudar na minha comunidade, minha paróquia era de Nossa Senhora do Carmo, que conta com a presença dos freis carmelitas descalços.
Me lembro de um dia após fazer minha primeira comunhão ouvir o padre dizer que precisava de catequistas na paróquia, eu fui procurar o frei e disse que queria ser catequista, ele riu, pois eu tinha apenas nove anos, ele disse que eu precisava ter o crisma para ser catequista, para mim não foi um empecilho, pelo contrário fiquei muito empolgada para me preparar para crisma pois queria ser catequista. Depois de minha crisma assumi a catequese, grupo de jovens, legião de Maria e os vicentinos, tudo que tinha na paróquia eu estava presente.
Quando tinha doze anos senti o chamado a vida religiosa, disse a minha mãe que queria ser uma irmã de caridade, assim que eu sabia que chamava, minha mãe riu e disse que eu era muito criança e que ainda não podia, como na minha crisma não fiquei triste, mas dizia comigo: eu vou crescer. E cresci. O desejo da vida religiosa nunca saiu de meu coração e quando completei dezessete anos era um fogo que queimava meu coração de tal modo que tomei coragem e disse a minha mãe, que desta vez mesmo sabendo que eu ficaria longe dela, disse sim, meus pais nunca se opuseram à minha vocação, pelo contrário, sempre me apoiaram.
E assim procurei o pároco: Frei Jorge que tanto me ajudou em meu discernimento vocacional, caminhei um ano no grupo da paróquia e depois participei de um encontro vocacional com mais de cem jovens na minha paróquia onde conheci as irmãs servas de Santa Teresa do Menino Jesus. Me apaixonei pela congregação, pois sempre amei santa Teresinha, fiz mais um ano de acompanhamento com as irmãs, e em outubro de 1997 fiz minha experiência no convento das irmãs na comunidade de São Jose- São Sebastião.
Voltei de minha experiência decida a entrar, conclui meus estudos, pois estava cursando o magistério e em 03 de fevereiro de 1998 entrei no aspirantado – primeira etapa de formação, em são Sebastião. Em fevereiro de 1999 entrei para o postulantado na cidade de Cajobi- São Paulo. Em 2000 e 2001 fiz o meu noviciado na cidade de Maria- Barretos. Em 10 de fevereiro de 2002 fiz minha primeira profissão religiosa na cidade de Cajobi- São Paulo. E em 31 de julho de 2010 fiz meus votos perpétuos em Alençon- França, na casa onde santa Teresinha nasceu.
Desde quando entrei na congregação até hoje já se passaram 23 anos, e posso dizer que verdadeiramente o Senhor me seduziu, amo minha vocação e minha congregação, Deus tem me conduzido com muito carinho e paciência, me guiando sempre para seu amor, eu O sinto em minhas dificuldades, sofrimentos, desafios e fragilidades, eu O sinto em minhas alegrias e realizações, é sempre Ele em minha vida.
Artigo Irmã Rosimar Rodrigues Martins