Tudo o que começa tem as suas alegrias e as suas tristezas. Tudo que começa tem o seu peso, a sua força e a sua dor.
A própria vida começa assim… A mãe se permite rasgar por dentro e por fora para dar a luz o fruto do seu ventre. Uma dor que se transforma em amor no ato próprio de parir o filho. A criança já começa a vida chorando… isso, para que na ação de chorar, ela comece a aprender a respirar e aprender tudo mais o que vier pela frente.
O começo de um casamento… O começo de uma vocação… O começo de uma mudança de vida… O começo de um trabalho…
Alguns até preferem chamar alguns começos de “recomeço”, que seria a tentativa de começar de novo um começo que não deu muito certo.
Alguns desistem logo no começo, quando não se sentem fortes o suficientes para enfrentar o caminho pela frente. Outros desistem sem mesmo começar, pensando que o caminho é maior que as resistências de suas próprias condições.
Tem gente que assiste só o começo do filme para ver se o resto vai ser bom mesmo. Outros ficam só no começo do jogo de futebol para ver se o time faz algum gol logo de cara.
O certo é que o começo tem uma responsabilidade muito grande sobre o todo. Os começos costumam carregar o peso de todo o resto…
Assim também quando começa um ano novo. Quantas promessas. Quanta esperança depositada na virada de uma data. Ou seja, todo um projeto de vida nova concentrado na despedida dos últimos segundos do 31 de dezembro e a alma e o coração abertos para o pretenso milagre do primeiro dia de janeiro do novo calendário. Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um… eis o começo festivo! Feliz ano novo! Feliz novo começo!
Não foi diferente com 2022. Como também não tinha sido com 2021, que trazia na sua responsabilidade o tão sonhado “fim da pandemia”, era a gravidez de um tempo novo: do reencontro das pessoas e da vida normal que havíamos perdido.
Pois bem, 2021 não conseguiu pagar essa conta. Sobrou para 2022… o pobre ano cheio do algarismos repetidos, começou meio que sozinho… Com aquela esperança pálida que o corona vírus seria dominado de uma vez por todas; que as máscaras caíriam de vez; que as vacinas fossem altamente eficientes; e que as pessoas fossem conscientes e que os seres humanos voltassem a se cumprimentar com abraços e sorrisos livres e verdadeiros, sem aquele pânico de ser uma ameaça para os que queremos bem.
Já estamos finalizando fevereiro e pelo jeito 2022 vem com os mesmos defeitos de fábrica dos últimos anos: o problema das enchentes; vidas sucumbidas por falta de políticas publicas; o desemprego; o preço absurdo dos produtos de necessidade básica; a fome; a miséria; o descaso; e como se não bastasse, a variação infernal de um vírus que machuca o mundo e que leva embora as pessoas que amamos… Parece que 2022 começou com cara de fim… mas será que a culpa é só dele? Talvez não.
Talvez seja preciso mais de que um “ bom começo”. Talvez seja preciso muito mais do que um “recomeço”. Precisamos ter a coragem de simplesmente CONTINUAR.
Este ano não precisa somente de heróis da resistência. Tampouco de homens que se vestem com pele de cordeiro e prometem serem novos “messias”. Definitivamente não! Precisamos simplesmente continuar a existir de maneira eficaz e suficiente. O que nos salvará não serão as falsas promessas, mas sim a FÉ VERDADEIRA em JESUS CRISTO, o nosso único salvador. Esse sim cumpre o que promete. Esse sim provou ser capaz de dar a vida para nos salvar. Ele sim foi capaz de se colocar no lugar dos pequenos e pobres.
“É vida que segue” diz a expressão popular… nada é tão simples assim, mas nem por isso é impossível continuar. O grande poeta, dramaturgo e ator William Shakespeare, já no século 16 dizia algo muito duro, mas absolutamente real: “não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, o mundo não irá parar para que você o conserte”. Mas no nosso caso, somos cristãos e católicos e de fato, temos uma RELIGIÃO que nos da suporte e nos orienta no reto caminho; temos a FÉ em Deus, PAI, FILHO e ESPÍRITO SANTO; temos um Deus que nos permite “consertar o nosso coração”, através dos sacramentos, da comunidade, das celebrações, do arrependimento, do perdão, etc. Temos uma IGREJA que nos ensina que a “vida segue” de verdade e não para nunca… rumo ao CÉU, rumo à Salvação!