Por Pe. José Adalberto Vanzella
A Campanha da Fraternidade está sempre voltada para problemas concretos que são consequências do pecado e, ao mesmo tempo, se constituem numa afronta ao Deus da vida. Os problemas concretos exigem de um modo especial a conversão, no sentido de superar o pecado, sua causa principal, e promover a transformação pessoal, social e eclesial.
A reflexão teológica é uma das principais fontes para a ação evangelizadora. Nesta perspectiva, devemos olhar um dos maiores esforços evangelizadores da Igreja no Brasil que é a Campanha da Fraternidade, que existe desde 1964 e que precisa ser mais estudada, pois o não conhecimento dos seus fundamentos teológicos tem causado graves problemas como a desvinculação entre o tema e a motivação, a abordagem dos problemas unicamente a partir de causas imanentes, sociais ou naturais, a não vinculação entre a mesma e o tempo quaresmal. Tudo isso acaba por produzir respostas momentâneas da sociedade, mas não frutos que permaneçam, porque não houve de fato conversão e, principalmente, a falta de uma unidade eclesiológica que garanta e sustente a unidade do seu agir, assim como o envolvimento de todos neste empreendimento, desde a sua concepção a cada edição até a garantida da sua continuidade.
O Concílio Vaticano II vai mostrar, principalmente na Lumen Gentium, a relação da Igreja para com o Deus Trino e, nesta relação, a Igreja participa da vida e do amor trinitário e deve tornar-se sacramento da comunhão divina tanto na sua organização institucional como no exercício da sua missão permanente.
A Igreja é dom de Deus, fruto da iniciativa divina cumprida no mistério pascal, que gera nova relação com Deus e com os demais seres humanos. Esta união é obra do Espírito (cf. LG 4;13) que nos une a Cristo (cf. LG 7) gerando comunhão de vida, caridade e verdade (cf. LG 9) e nos torna pertencentes ao Corpo Místico (cf. LG 50), marcando nossa condição de peregrinos (cf. LG 50) com um vínculo orgânico (cf. LG 14-15) que une todos os fiéis (cf. LG 13; DV 10; UR 2).
O Concílio Vaticano II adotou o caráter pastoral, procurando adaptar-se às novas exigências do tempo presente. Para isso, substitui o modelo de sociedade perfeita pelo modelo de povo de Deus. O modelo de Igreja povo de Deus vai se impor e abrir caminho para uma eclesiologia de comunhão
A Campanha da Fraternidade tem como objetivos permanentes:
Despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum;
Educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho;
Renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização, na promoção humana, em vista da satisfação da exigência quaresmal da conversão.