A Pandemia da Covid-19 é sem dúvida alguma causadora de muitas perdas, choros, tristezas, vidas que se foram. No entanto, em meio a esta catástrofe podemos observar fagulhas de esperança e luz. Avanços na Medicina e aprimoramento do espírito humano.
Nos meus trinta anos de Medicina não vi maior caos como este, entretanto, também não vi em tão pouco espaço de tempo maior avanço médico. Aqui gostaria de fazer um paralelo entre a medicina das pesquisas e a medicina a “front” do atendimento ao ser humano: duas facetas que nunca se entrelaçaram tanto como nos dias que correm, mostrando serem não apenas complementares, mas principalmente essenciais para a vida.
Os avanços na medicina das pesquisas como o desenvolvimento das vacinas, o conhecimento sobre o vírus e também as reações do corpo humano mediante as agressões deste vírus, o desenvolvimento de aparelhos de respiradores artificiais métodos para diagnóstico, medidas de proteção para prevenção do contágio, avanços que a pandemia exigiu que o homem fosse em busca.
A medicina do “front” do atendimento, a medicina do pronto socorro, da UPAS, das UBS, das UTIS (e aqui gostaria de salientar a importância de todos os profissionais envolvidos para o bom funcionamento destas estruturas) esta medicina também se fortificou e contemplou muitos avanços, não podemos nos esquecer do avanço do germinar da solidariedade.
O que a situação dramática que a humanidade esta vivendo, nos ensina?
Devemos olhar mais para os efeitos do que para as causas. Não apenas os negativos dos quais ouvimos todos os dias as tristes manchetes, mas também os positivos, que somente uma observação mais atenta nos ajuda a colher.
A Pandemia da Corona vírus nos despertam bruscamente do perigo maior que sempre correram os indivíduos e a humanidade, o delírio de onipotência. . Bastou o menor e mais infame elemento Da natureza, um vírus, para nos recordar que somos normais, que o poderio militar e a tecnologia não bastam para nos salvar.
Outro ponto positivo da presente crise da saúde é o sentimento de solidariedade.
Quando foi que os homens de todas as nações se sentiram tão unidos, tão iguais, como neste momento de dor?
Logo nos fez mostrar a necessidade de destruir os muros, o vírus não conhece fronteiras, em um segundo abatem todas as barreiras e as distinções de raça, religião, censo de poder.
Não devemos voltar atrás quando este momento tiver passado, não deixemos que tanta dor, tantas mortes, tanto esforço heróico por parte dos profissionais da saúde tenha sido em vão. Destinemos os intermináveis recursos empregados às armas, a finalidade que nestas situações vemos a necessidade e a urgência a saúde, saneamento, a alimentação, o cuidado da criação.
Deixemos à geração que virá se necessário, um mundo mais pobre de coisas e dinheiro, porém mais rico de humanidade. Citando Vittor Hugo em “Os Miseráveis” Humanidade é similaridade. Todos os homens são a mesma argila, não há diferença, a mesma escuridão antes, a mesma carne durante, as mesmas cinzas depois. Mas a ignorância mesclada com a ambição humana escurece essa percepção. Para finalizar quero pedir a Deus que nos esclareça cada vez mais sobre o conhecimento desta pandemia, nos inspire sobre medicamentos e maneiras de saber combatê-la, para que possa ser mais breve possível a duração desta catástrofe que a humanidade vive.
Médico Marcelo Ugatti